domingo, 24 de maio de 2009

A 1ª SAÍDA PARA O MATO - INAUGURAÇÃO

Chegado ao Toto, fomos recebidos pelos Veteranos mais velhos. Em Toto, local que foi durante 17 meses um lugar com óptimas condições em pleno centro de guerra, tinhamos lá estacionados manutenção de alimentos e oficinas auto.

Era aqui que muitas companhias vinham fazer reabastecimentos de toda a qualidade de mantimentos. Este local comandado por um oficial posto tenente, também tinha um Aeródromo à distância seguramente a 3 Kms. Neste encontravam-se dois rapazes do Fundão: o António Augusto e o Beleza, este último ainda o vejo com muita frequência.
A unidade que fomos render foi deslocada para o leste de Angola e creio terem terminado aí a sua comissão, nestas coisas em princípio não atribuímos certa e determinada importância, porque queríamos era dias passados. O Beleza e o António Augusto, eram rapazes da minha recruta do mesmo curso Batalhão Caçadores 6, Castelo Branco.

Na primeira saída para as operações, acompanhados ainda pelos veteranos mais velhos, não sei com quantos meses na altura, lá saímos para o mato. Mas ainda dentro da parada no momento de saída, quando mal dou por mim vejo um indivíduo a lutar com o Tenente Almeida em cima da viatura...
Nunca cheguei a saber o porquê.
A inauguração da primeira saída foi para os lados do Rio Mabrites, alguns Kms depois, saímos das viaturas e continuamos o itinerário a pé.

Percorridos alguns Kms sobre intensa mata e debaixo de um calor infernal, fomos sendo dirigidos pelos soldados mais antigos conhecedores da zona. Nesta coluna penso ter ido um rapaz de Valverde, que me ajudou a atravessar um rio às costas.
(Gostaria de o encontrar de novo, pelo que caso alguém de Valverde tenha conhecimento da existência de um Veterano que tenha cumprido a Tropa, no Ultramar-Toto, que faça o favor de lhe passar esta mensagem e colaborar numa aproximação conjunta.)

Alguns Kms depois, as viaturas esperavam por nós afim de regressarmos ao quartel, mas perante a primeira saída para a guerra, vi jeitos de deitar o estomâgo fora, devido ao enjoo, disse para comigo mesmo se isto continua assim como irei aguentar dois anos extremamente diíceis, não estando habituado a este tipo de alimentação, bolachas, ração de combate e água podre...

A primeira saída em contacto com a guerra, correu dentro da normalidade, embora com um esforço tremendo apesar da boa preparação fisica.

Mas noutras operações mais complicadas, vi colegas do pelotão de morteiros derramar lágrimas em plenas operações. Porque andar a carregar com a "Querida namorada costureirinha" (termo carinhosamente usado para apelidar a arma de guerra), mais munições, morteiro grande e respectivo prato, e ainda as granadas para o alimentar, chegámos a descer morros com o rabo de rastos.