Poucos dias de estadia no ordinário hotel chamado Grafanil de zero estrelas, nas redondezas de Luanda, o Batalhão 1875 arranca em marcha, rumo ao norte, distrito de Uije, mais propriamente Cidade Carmona.
A marcha é logo de manhã, com primeira paragem em Ucua, cenário acentuado de guerra continuamos estrada fora, metidos em camiões descapodados sob as ordens e responsabilidade do Tenente Coronel Júlio dos Santos Batel.
Em cima deste oficial recaía a responsabilidade de um bom punhado de homens, todos eles com pouca experiência de vida, embora na flor da juventude. Chegamos já noite à capital do Uíje, Carmona. De Luanda a Carmona, não sei dizer quantos Km são, mas levámos um dia inteiro para fazer este trajecto com um piso de alcatrão extraordinário e a viagem correu extraordináriamente bem.
Pernoitamos nas redondezas da cidade, em cama de "cão", embrulhados num cobertor e toca a descansar uns em cima das viaturas outros, no chão.
Depois de uma bela noite de descanso...Acham?...Arrancamos viagem em direcção a Vila Nova de Caípemba, Vila do Songo, Vale Loge, onde ficou estacionado o comando companhia serviços.
A outra companhia foi para o Ingae 1494, na qual eu ia integrado sob o comando do graduado tenente Adelino Q. F. de Almeida - mais tarde promovido a capitão - desinibido homem alto, tipo militarista de carreira, mas amigo dos seus homens, depois direi porquê!...
Logo que me seja possível irei colocar algumas fotografias, provavelmente das melhores do Batalhão.
sábado, 23 de maio de 2009
O COMEÇO DE UMA VIDA
Navio Império
Foi aos 21 anos, no dia 3 de Maio do ano 1965, que assentei praça no Batalhão de Caçadores 6, Cidade de Castelo Branco. Terminada a recruta dois meses depois, fui direitinho para o Regimento serviço de Saúde Cidade de Coimbra.
Bonita e bela Cidade banhada pelo rio Mondego, e com bons jardins, permaneci neste quartel quatro meses, afim de fazer a especialidade: Maqueiro e Auxiliar de Enfermeiro, depois fui para o Hospital Militar Principal Lisboa à Estrela, estagiar no serviço de Urologia.
Terminada a especialidade, fui de novo para Castelo Branco, desta vez para o Regimento Cavalaria 8, onde permaneci apenas duas semanas.
Fui de fim de semana à terra, e quando regressei à segunda feira, recebo a notícia que eu mais um colega meu, estávamos mobilizados para o Ultramar. Ambos dois para o dito batalhão 1875. Eu na companhia 1494, ele na 1495.
Este colega de arma chamado Carrola, do Casal da Serra na área do Tortozendo, chegando a Abrantes, foi encontrar os militares do dito Batalhão já a usufruir os dez dias de Férias, que pelo próprio direito gozavam todos os militares que eram mobilizados.
Em Abrantes tomámos uma refeiçao de feijão, que mais parecia papas de milho. Fomos para a terra gozar estas ditas férias, quando uma bela segunda feira ando descontraidamente a passear no Fundão e alguém me disse que tinha chegado ao Telhado, um telegrama urgente para me apresentar no referido Quartel.
Não estou com meias medidas, meto-me num Táxi, fui direitinho a casa, pego na trouxa e fui apanhar o comboio a Castelo Novo, salvo erro se a memória não me trai.
Chegado ao Regimento Infantaria 2, em 1966, hoje com o nome de Cavalaria "não sei quantos", chegado ao depósito de material para receber a farda verde ou seja entregar a farda cinzenta - foi no período de mudança da cinzenta para a verde- encaro de frente com um rapa zito que fez a recruta comigo: o Moura, de Aldeia Nova do Cabo.
Já noite, lá seguimos para Lisboa, embarcamos no Barco Império e desembarcamos em Luanda a 27 de Fevereiro, com destino ao campo do Grafanil por onde passaram milhares e milhares de jovens, onde quase até as melgas nos queriam comer. Não é que me incharam as mãos com tantas mordidelas !
CAPITULO DOIS: TÊM SEGUIMENTO EM BREVE...
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